Por: Gabriela Martins e Rodrigo Neto
Mais do que acolher as crianças de rua a ONG “O Pequeno Nazareno” resgata vidas, capacita e dá oportunidades, para crianças e adolescentes que vivem e os que já passaram por lá. É o caso do jovem Elizaias Brandão, 20, que gosta de ser chamado por “Paka”, um dia passou pela instituição e hoje trabalha no local.
Paka chegou ao sítio ainda criança, perambulava nas ruas próximas ao terminal da Parangaba. A convite dos educadores da ONG, Paka teve acesso a umas fotos do local, encantou-se, e decidiu conhecer o espaço, que a partir daquele momento seria o seu lar. “Na rua eu não tinha comida e nem roupas. A única comida era a cola. Eu cheirava para não morrer de fome”, relata. É assim a rotina de muitas crianças e jovens que moram nas ruas de Fortaleza. Sem oportunidades e dependentes dos vícios passam a pedir dinheiro para as pessoas.
Aos doze anos a mãe de Paka resolve tirá-lo do Pequeno Nazareno e o leva para morar no interior do estado do Ceará. Lá ele volta a ter contato com as ruas e, conseqüentemente, com as drogas. Desta vez ele conhece e experimenta o crack, uma substância mais danosa que a maconha e a cola de sapateiro. “O crack é a pior coisa para uma pessoa, é essa maldita droga que está assolando a juventude,” descreve. Aos quinze anos Paka retorna a Fortaleza e pede ao coordenador da ONG para morar novamente no sítio. Mostrando-se arrependido ele ganha um voto de confiança e volta a morar no Pequeno Nazareno. Atualmente trabalha no refeitório da ONG e se diz livre das drogas. Com a ajuda da ONG, Paka mudou a forma de vestir, de falar e de pensar, é um jovem bonito que gosta de capoeira e sente-se realizado por trabalhar no mesmo espaço que mudou a sua vida. “Eu entendo o que esses meninos passaram e passam, gosto de trabalhar aqui”, diz.
O colega de Paka e ex morador do sítio, Jaílson Gomes, 18, soube aproveitar, bem, a oportunidade que a ONG lhe deu. Hoje, trabalha de carteira assinada, em São Gonçalo, como pedreiro e pretende se especializar na área.
O Olhar de quem acolhe
Wellington de Souza, 41, conhecido como “Beto”, chegou à ONG logo no início, quando ainda estavam erguendo a estrutura do local, trabalhava como pedreiro. Depois de ter se aproximado e conhecido melhor a entidade, foi chamado para continuar erguendo o local, mas com o carinho e a dedicação voltada para os pequeninos que chegavam à ONG.
Hoje, Beto é supervisor, coordenador, educador, ele mesmo tem dificuldade em definir um cargo específico para o que faz pelo Pequeno Nazareno, e se diz realizado, seus filhos sempre que podem passam o fim de semana com ele e as crianças do sítio.
Beto tem carinho e orgulho pelo seu trabalho, segundo ele, os meninos são uma lição de vida e nada substitui o sorriso farto das crianças.
O Pequeno Nazareno
Há 15 anos o sítio Pequeno Nazareno acolhe meninos com até 13 anos de idade, que vivem nas ruas de Fortaleza. Quando
atingem essaidade participam de um programa chamado Projeto Gente Grande, que oferece cursos profissionalizantes, e através de parcerias com lojas e supermercados direcionam esses jovens ao seu primeiro emprego.
A ONG sempre está de portas abertas para quem deseja fazer uma visita. No dia em que a reportagem esteve no local um estudante estrangeiro, da Suécia, estava hospedado no sítio e outra estava de partida. Esses universitários se deslocam de longe para estagiar voluntariamente. Quem se interessar em conhecer mais sobre o projeto, basta entrar em contato com o número: (85) 3212.5727, ou acessar o www.opequenonazareno.org.br.
Boa visita!